Uma vez por ano, o Congresso Nacional do Povo – o maior corpo legislativo do mundo, com mais de 3 mil membros – se reúne para estabelecer e aprovar os principais projetos políticos e econômicos da China. Em 2024, o foco dessa assembleia foram as “novas forças produtivas”, refletindo o crescente desejo dos líderes chineses de usar tecnologia de ponta para impulsionar o desenvolvimento econômico.
Essas novas forças produtivas são inovações disruptivas que podem levar o país à vanguarda da corrida tecnológica global. Para chegar lá, é preciso aliar pesquisa de alta qualidade a um ambiente próspero de inovação para as organizações chinesas. Embora os números sobre atividades de pesquisa na China sejam robustos, o país ainda tem dificuldade em materializar esse potencial em produtos tangíveis devido a desafios econômicos e geopolíticos.
Apesar do aumento dos gastos com pesquisa e desenvolvimento (P&D) em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), os 2,64% investidos pela China em 2023 ficaram no mesmo nível da União Europeia, mas ainda bem abaixo dos 3,5% dos Estados Unidos. A China precisará, portanto, trabalhar para reduzir essa diferença – especialmente em um momento em que seu acesso a tecnologias disruptivas desenvolvidas em outros países está diminuindo.
“Existe uma lacuna entre a China e o pelotão de frente da área de tecnologia”, diz Alicia García-Herrero, economista-chefe do banco de investimentos francês Natixis para a Ásia-Pacífico. “Por muito tempo, a China teve acesso à inovação disruptiva do restante do mundo, o que facilitou o processo de inovação aplicada. Mas isso está se tornando cada vez mais difícil, e o país percebeu que precisa fechar essa lacuna por conta própria. Isso será um grande desafio.”
As tecnologias do futuro
As tecnologias consideradas críticas nem sempre são as mesmas em todos os países, mas há, inevitavelmente, sobreposições, especialmente onde os interesses econômicos e de segurança nacional se alinham (como no caso das telecomunicações avançadas).
“A prioridade da China deixou de ser simplesmente aprimorar tecnologias que já existem; o país agora foca em inovações científicas originais em campos como a computação quântica e a integração entre cérebro e visão computacional”, afirma Tilly Zhang, analista de tecnologia da China na empresa de pesquisa macroeconômica Gavekal Dragonomics. “Essas são áreas que ainda não foram totalmente exploradas por ninguém, e a China espera que isso a ajude a liderar a próxima possível revolução industrial.”
Um documento divulgado em janeiro de 2024 pelo Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT) da China delineou as tecnologias do futuro em diferentes setores:
- Manufatura: robôs humanoides, metaverso industrial e biomanufatura.
- Informação: telecomunicações de próxima geração, grandes modelos de inteligência artificial e computação quântica.
- Materiais: semicondutores avançados, displays holográficos e materiais supercondutores.
- Energia: energia nuclear, hidrogênio e células solares de alta eficiência.
- Espaço: desenvolvimento do espaço, das profundezas do mar e do subsolo terrestre.
- Saúde: avanços como interface entre cérebro e computador e tecnologias celulares e genéticas.
“Muitas dessas tecnologias são destacadas nas políticas dos Estados Unidos, da União Europeia, da Austrália e do Japão”, afirma Laura Gormley, analista de pesquisa do instituto de pesquisa Rhodium Group para a China. “Planos nacionais ambiciosos de apoio, aliados à forte demanda por tecnologias disruptivas, acelerarão a nacionalização dessas inovações e resultarão em uma competição global ainda mais acirrada nesses setores.”
O cenário: liderança chinesa na pesquisa de ponta
Um indicador de liderança tecnológica é a produção de pesquisas de alto impacto – e nesse aspecto a China apresenta um domínio surpreendente na maioria das tecnologias-chave. Em 2023, o Australian Strategic Policy Institute (ASPI) publicou seu Critical Technology Tracker, que monitora o desenvolvimento de pesquisas em 64 áreas críticas e emergentes da tecnologia, muitas das quais se alinham com as indústrias definidas pelo Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT).
Segundo dados divulgados em setembro de 2023, a China é líder global em pesquisa de 53 das 64 tecnologias mais importantes atualmente – incluindo comunicações avançadas de radiofrequência (5G e 6G), materiais em escala nanométrica, biologia sintética e supercapacitores (que armazenam grandes quantidades de cargas elétricas).
Em algumas dessas áreas, a liderança chinesa é tão expressiva que há risco de formação de um monopólio tecnológico. Por exemplo, na pesquisa sobre baterias elétricas, os dados do ASPI indicam que 65,5% de todos os artigos de alto impacto sobre o tema são publicados por pesquisadores chineses, enquanto os Estados Unidos, em segundo lugar, produzem apenas 11,9%.
A China é líder global em pesquisa de 53 das 64 tecnologias mais importantes atualmente. Em algumas áreas, a liderança chinesa é tão expressiva que há risco de formação de um monopólio tecnológico.
Nas 11 tecnologias em que a China não ocupa a liderança – em áreas como engenharia genética, computação quântica e relógios atômicos –, o país está em segundo lugar, atrás dos Estados Unidos. Em alguns deles, a diferença percentual sugere um potencial monopólio americano. Além da China e dos Estados Unidos, apenas Índia e Coreia do Sul aparecem entre os dois primeiros colocados em qualquer um dos campos analisados.
“A China costumava ser o aluno e os EUA eram o professor, mas isso mudou completamente. Agora há muito mais paridade nessa relação, e em várias áreas a China está se destacando”, afirma Denis Simon, professor de Estratégia e Empreendedorismo na UNC-Kenan-Flagler Business School (Estados Unidos).
Apesar dos números impressionantes, muitas dessas tecnologias ainda estão em estágios iniciais, o que significa que suas aplicações comerciais são limitadas.
“Existem alguns setores, como robotáxis e a chamada ‘economia de baixa altitude’ [drones e mobilidade aérea urbana], em que a comercialização já está avançada”, afirma Zhang. “Mas, em outras áreas, ainda levará tempo para que os produtos cheguem ao mercado. Um professor renomado no campo da tecnologia quântica sugeriu que ainda levará uma ou duas décadas para que essas tecnologias sejam comercializadas.”
Onde a China está na vanguarda – e onde fica atrás dos EUA
Atualmente, empresas chinesas estão na vanguarda em setores, como:
- Telecomunicações (Huawei).
- Inteligência artificial (Alibaba, Tencent, Kuaishou e Xiaomi).
- Produção e desenvolvimento de baterias (CATL).
- Tecnologia de vigilância (Hikvision e outras empresas estatais.
No entanto, a China ainda está atrás em áreas essenciais. No setor de semicondutores, o país é o maior produtor mundial de chips legados (28nm e acima), mas essa tecnologia já tem mais de uma década e não é suficiente para rodar modelos de IA de ponta ou tecnologias avançadas de computação. A China ainda fica para trás na fabricação de chips avançados, que são fundamentais para qualquer tecnologia de última geração.
“Em termos de fabricação de chips e equipamentos para fabricação de chips, a China está pelo menos cinco anos atrás de seus concorrentes estrangeiros”, diz Zhang. “Algumas das máquinas que as empresas chinesas estão tentando desenvolver agora são tecnologias que a ASML, a principal fabricante holandesa de equipamentos para semicondutores, já havia entregado em 2003.”
Por outro lado, Zhang aponta que a China tem um desempenho melhor no design de chips, com uma defasagem de apenas um ou dois anos em relação aos líderes globais. Em alguns casos, empresas chinesas, como a Huawei, já conseguem competir de igual para igual com gigantes como a NVIDIA. No entanto, sem equipamentos e capacidade de fabricação adequados, a habilidade de projetar chips de ponta não se traduz facilmente em valor comercial real.
A abordagem da China para financiar a inovação
Transformar pesquisa em tecnologia é um processo complexo, que exige variedade de fontes de recursos, como financiamento estatal ou privado, disponibilidade de talentos e oportunidades de colaboração internacional.
“Se analisarmos as colaborações científicas globais hoje, fica claro que as parcerias mais poderosas são entre cientistas dos Estados Unidos e da China”, afirma Denis Simon.
“Capacidades de setores upstream [fornecimento de insumos] e downstream [aplicação e mercado] também são fundamentais”, acrescenta Laura Gormley. “O acesso a insumos críticos, necessários para produzir tecnologia, e a demanda na ponta podem determinar se a pesquisa será transformada em inovação.”
A abordagem da China para o desenvolvimento tecnológico é altamente centralizada no Estado, diferentemente de outros líderes globais da tecnologia. O governo financia cerca de 60% do ecossistema de ciência e tecnologia do país – nos Estados Unidos, 72% desse financiamento veio do setor privado em 2019.
Como é feito o investimento estatal em tecnologia
Na China, grande parte do financiamento estatal em tecnologia vem dos governos locais, que são responsáveis por cerca de dois terços de todo o financiamento governamental no setor, segundo estatísticas do Rhodium Group. Esses investimentos seguem metas centrais e, de modo geral, têm sido eficazes para impulsionar o desenvolvimento, criando empresas líderes e clusters industriais que promovem a inovação.
“A abordagem centralizada da China permite uma concentração estratégica em setores e tecnologias cruciais, acelerando o desenvolvimento de áreas consideradas vitais para os interesses nacionais, como inteligência artificial e energia sustentável”, afirma Daniel Cheng, líder do setor de TMT (tecnologia, mídia e telecomunicações) da consultoria Deloitte na China.
Outro mecanismo de financiamento estatal são os fundos de orientação governamental, que captam recursos públicos e privados para investimentos em empresas de alta tecnologia. Em 2022, ele forneceram pelo menos US$ 12,3 bilhões em financiamento para empresas de tecnologia, mas, em muitos casos, não conseguiram atingir as metas de retorno sobre o investimento.
As próprias empresas financiam a maior parte da P&D comercial na China: cerca de 87% das organizações mais inovadoras do país reinvestem recursos próprios em inovação.
“A China tem uma produção internacional de patentes bastante competitiva, mas isso não se aplica a tecnologias centrais disruptivas, como IA, semicondutores ou computação quântica”, diz Alicia García-Herrero. “Os Estados Unidos ainda estão muito à frente de todos os outros países. Além disso, um grande volume das patentes registradas na China — talvez até metade — pertence a empresas estrangeiras operando no país.”
O “pacote completo de valor” e o apoio a PMEs
Embora sistemas descentralizados sejam, em geral, considerados mais propícios à inovação, a abordagem estatal-capitalista da China tem seus benefícios. A interconexão entre Estado, empresas estatais, bancos e organizações da área de tecnologia cria o chamado “pacote completo de valor”, que fornece recursos e suporte para impulsionar as empresas chinesas e, ao mesmo tempo, dificulta a entrada de concorrentes estrangeiros.
“As influências positivas do sistema se manifestam de várias maneiras, incluindo definição de direções estratégicas, políticas de apoio, orientação ativa e o estímulo à força das empresas”, afirma Daniel Cheng. “Ao traçar metas claras e oferecer suporte substancial, o governo desempenha um papel essencial na definição da trajetória dos setores tecnológicos e no incentivo à colaboração entre empresas.”
Apesar de muitos fundos de orientação governamental não atingirem suas metas de receita, eles são fundamentais para o desenvolvimento de setores estrategicamente importantes. Esses fundos permitem que os formuladores das políticas públicas usem a disciplina do mercado e a expertise do setor ao fornecer capital de investimento estável e de longo prazo para empresas que tentam superar a lacuna entre a descoberta de produtos e sua comercialização.
Os principais beneficiários desse sistema são as pequenas e médias empresas (PMEs) de tecnologia. O Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação chinês identificou 98 mil como “PMEs Especializadas” e mais de 12 mil como “Pequenos Gigantes” – isso significa que recebem benefícios governamentais como parte do sistema de aceleração. Esse modelo foi criado para estimular a competição entre as PMEs.
“A capacidade do governo de mobilizar grandes recursos para objetivos específicos facilita avanços rápidos em infraestrutura, pesquisa e tecnologia”, diz Cheng. “Um exemplo disso é o investimento da China em computação quântica, que demonstra uma alocação significativa de recursos para um campo de ponta com potencial para transformar a computação e a criptografia. O lançamento do primeiro satélite quântico do mundo destaca o compromisso da China em liderar essa área tecnológica avançada.”
A importância da cultura e da educação em tecnologia
O avanço na educação da força de trabalho chinesa ao longo das últimas décadas também foi um fator positivo para a inovação, especialmente com o aumento no número de estudantes chineses cursando ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) no exterior. Muitos desses alunos permaneceram no exterior para trabalhar, mas um número crescente tem retornado à China nos últimos anos para atuar em laboratórios bem equipados e empresas de alta tecnologia.
Em 2020, o número de estudantes chineses que retornaram ao país superou, pela primeira vez, o de novos estudantes que foram para o exterior – em 2021, mais de um milhão de estudantes voltaram à China, segundo o instituto nacional de pesquisas chinês.
A tecnologia não é apenas um símbolo de segurança nacional, mas também um motor de prosperidade individual, por isso é abraçada com grande entusiasmo pela população chinesa.
Outro fator de força para a China é o apoio social generalizado à tecnologia. De acordo com o projeto de pesquisa global World Value Survey, a China é um dos países que mais valorizam ciência e tecnologia. A tecnologia não é apenas um símbolo de segurança nacional, mas também um motor de prosperidade individual, por isso é abraçada com grande entusiasmo pela população chinesa.
Um exemplo: a adoção de pagamentos móveis e da internet na China foi extremamente rápida; segundo a Câmara de Comércio Europeia, consumidores chineses exigem novos produtos e funcionalidades em um ritmo muito mais acelerado do que seus equivalentes europeus.

O gargalo da centralização estatal
As metas das políticas públicas podem render dividendos em algumas regiões, mas outras carecem de expertise necessária para fazer a due diligence, fazendo com que as estratégias de investimento fiquem abaixo da média.
Outro problema é que forçar um governo local a priorizar um setor específico pode subutilizar as vantagens competitivas da região, além de desviar o financiamento de setores já estabelecidos, que são parte vital do ecossistema de uma província.
O foco excessivo nas prioridades políticas também levou, historicamente, a problemas no desenvolvimento de produtos viáveis para o mercado, enquanto a abordagem de P&D orientada pelo mercado tende a ser mais consistente.
A China também enfrenta barreiras macroeconômicas, internas e externas, para alcançar seu objetivo de liderar a corrida tecnológica internacional. A maior dessas barreiras é a desaceleração da economia chinesa, que forçou empresas e órgãos governamentais a reduzir gastos, especialmente em áreas de inovação, nas quais retornos são de longo prazo e não necessariamente garantidos.
Há também o problema da mente de curto prazo dos funcionários dos governos locais que são encarregados da alocação de fundos – e da priorização. Eles normalmente ocupam cargos por cinco anos antes de seguir para outra posição e tendem a maximizar a produção de curto prazo em detrimento da sustentabilidade em longo prazo.
A desaceleração da economia chinesa forçou empresas e órgãos governamentais a reduzir gastos, especialmente em áreas de inovação, nas quais retornos são de longo prazo.
“O sistema de inovação da China é centralizado em suas palavras, mas nem sempre nos detalhes”, diz García-Herrero. “As pessoas pensam que a política industrial é muito clara, mas ela pode ser frequentemente confusa, e as diferentes escolhas feitas pelos governos locais podem criar um ambiente competitivo. É uma razão semelhante pela qual a política industrial é um desafio para o mercado europeu.”
Existem também limites para o quanto algumas indústrias podem crescer. “Os investimentos em indústrias estratégicas vinculadas ao Made in China 2025 resultaram no aumento da capacidade de produção de 2016 a 2020”, diz Gormley. “Em muitas indústrias, a oferta expandiu além do que pode ser suportado pela demanda atual, resultando em desafios com superprodução, cujos efeitos continuarão a se manifestar nos próximos anos.”
Gormley acrescenta que o papel crescente das empresas estatais no sistema de ciência e tecnologia da China também pode ser problemático devido à sua menor eficiência. “Embora as estatais tenham aumentado seus gastos com P&D mais rápido do que as empresas privadas nos últimos anos, elas produzem, em média, muito menos patentes internacionais de alta qualidade”, diz.
Existem também desafios de implementação e coordenação. Um exemplo claro é a falta de interconexão entre centros de dados de IA. “Os governos locais foram incentivados a construir centros de dados de IA em níveis mais baixos para apoiar as tarefas locais de computação de IA”, diz Zhang. “Mas, na realidade, os governos locais terceirizaram esses pedidos para empresas estatais como China Telecom e China Mobile, que agora competem com grandes players de computação em nuvem, como Alibaba e Tencent. Todos estão agora disputando recursos e o poder de computação local está se tornando cada vez mais fragmentado.”
A restrição pela geopolítica
As relações geopolíticas da China também estão impactando o setor: tecnologias vitais para a inovação agora enfrentam limitações, levando a gargalos em algumas áreas e forçando o país a tentar recuperar o atraso em vez de trabalhar no desenvolvimento de algo novo.
Os Estados Unidos, em particular, impuseram limitações à China, incluindo controles de exportação e restrições de investimentos e importações – e reforçaram suas próprias políticas industriais em algumas áreas.
“Os controles de exportação tiveram impactos, mas, em termos de diferenças entre China e Estados Unidos, a resposta real é que os norte-americanos estão correndo enquanto os chineses estão andando”, diz García-Herrero. “Eles estão gastando grandes quantias no desenvolvimento pelo setor privado, algo que a China não consegue igualar.”
O investimento estrangeiro no desenvolvimento tecnológico chinês também caiu. O investimento estrangeiro direto na China alcançou um mínimo de 23 anos em 2023. Embora a queda nos investimentos claramente agrave a desaceleração econômica da China, a falta de abertura e transparência é um problema maior, pois afeta a atração de talentos e as oportunidades de colaboração.
“Atração de mais talentos é fundamental para transformar pesquisas teóricas em avanços tecnológicos significativos aplicáveis à indústria”, diz Zhang. “É preciso ter um ambiente aberto, recompensador e transparente, algo parece algo meio escasso na China no momento.”
Os potenciais e os desafios da China
O sistema da China tem vantagens claras: o país conta com mais veículos de financiamento apoiados pelo estado para apoiar a inovação do que qualquer outro país – e as metas definidas pelo sistema são claras.
“Ao enfrentar os desafios da globalização e da geopolítica, a China está se tornando rapidamente autossuficiente em sua cadeia de suprimentos tecnológica”, diz Cheng. “Isso é uma grande mudança: passar de um centro de manufatura e montagem para um que enfatiza cada vez mais o design original e o desenvolvimento de tecnologia central, posicionando-se no alto da cadeia de valor global.”
Mas, embora a qualidade e o escopo da produção de pesquisa coloquem o país em uma posição favorável para o sucesso, existem várias barreiras para transformar a teoria em produtos comercialmente viáveis. A inovação quase sempre é impulsionada por colaboração, transparência e diversidade, e o sistema da China não favorece esses aspectos. Sem algumas mudanças, portanto, provavelmente será difícil para o país competir no topo em tantas áreas quanto deseja.
“Mudanças, como um gasto geral mais baixo em ciência e tecnologia, não impedirão necessariamente a capacidade da China de se desenvolver como líder global nos setores estratégicos prioritários”, diz Gormley. “No entanto, elas podem atrasar o desenvolvimento de um ecossistema redondo de inovação, daqueles que facilitam o transbordamento de tecnologias, favorecem o surgimento de inovações de próxima geração e mobiliza talentos e recursos.”
“Será difícil para a China, mas a mentalidade deles mudou, então talvez tudo isso seja possível”, diz García-Herrero.